quarta-feira, 30 de setembro de 2009
A minha, a sua, a nossa sustentabilidade
Estejam convidados a conhecer o De lá prá cá, blog meu e da Flavia Pardini, duas expatriadas escrevendo sobre meio ambiente e sustentabilidade no portal da revista Página 22. Meu primeiro post, Smörgåsbord, é um olhar bem humorado sobre a dureza de se incorporar a consciência ambiental no cotidiano. O endereço é www.pagina22.com.br
Uma boa forma de pensar na parte que nos cabe deste latifúndio. :)
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Deusa Primavera
Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelo campo,
Só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega.
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(adaptado de Cecília Meireles)
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Das receitinhas da vó
Aproveitem... e confiram outras ótimas dicas de forno e fogão, temperadas com bons causos, no Órfã da Ofélia!
Chá de alho com limão
:. Fácil – Porção individual
Ingredientes:
2 copos de água
1 limão
2 dentes de alho
Modo de preparo:
- Corte o limão em quatro, com casca e tudo, descasque o alho e leve-os à panela com a água.
- Deixe no fogo até levantar fervura e desligue.
- Tampe a panela até amornar e coe o líquido para beber.
Nota: pode tomar puro, com açúcar ou adoçante.
Historinha…
Ficar gripado é muito chato. A gente se entope de remédios, que atacam o estômago, vive com um lencinho de papel na mão e ainda tem que ter pique para seguir a vida normalmente, trabalhar e fazer compra de supermercado. Nesses dias, é sempre bom tomar suco de laranja, jantar uma sopinha e dormir bastante. Além disso, o último truque que aprendi com minha amiga Betsy foi esse chá de alho com limão. Ela pegou a dica com a diarista dela e testou empiricamente. Semana passada chegou a minha vez e também aprovei. O sabor é meio amargo e tem gosto de alho – afinal, é um “remédio” -, mas compensa, pois no dia seguinte já acordei bem mais animada.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Andar a pé eu vou
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Escutatória
Inspiradíssimo texto do educador e escritor Rubem Alves. Qualquer comentário (de minha parte) é superficial. :)
"Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil.
Diz o Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma". Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: "Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma". Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: "Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas". Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não "evangélico"), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais.
Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado". Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou". Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião.
Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci.
O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em U definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram.
Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: Meus irmãos, vamos cantar o hino... Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.
E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar.
A música acontece no silêncio. É preciso que todos os ruídos cessem.
No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou.
A alma é uma catedral submersa.
No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos.
Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.
Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio.
Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto."
(Rubem Alves)
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Meu pé, meu querido pé
Tem gente que adora, outros têm aflição apenas quando se toca neles. Mas todos devem concordar que nossos pés estão entre as partes mais importantes - e mais esquecidas - do corpo humano. Eles é que enfrentam o trabalho duro de nos sustentar do início ao fim da jornada diária. Não é à toa que possuem, entre os membros do corpo humano, algumas das maiores concentrações de glândulas e terminações nervosas. A missão é vasta - desde carregar o corpo, regular a locomoção em todas as suas variações até servir como termômetro para a temperatura e a topografia com as quais lidaremos a cada minuto. Para além de sua função estrutural, a medicina chinesa vê neles também um mapa das principais funções orgânicas do corpo. Massageando e tratando dos pés, é possível alcançar maior harmonia em todo o organismo.
Dá para fazer isso em casa, sem muito esforço, depois de um dia de correria. Seguem algumas dicas para ajudar a acalmar os ânimos. Depois, o famoso escalda-pés da vovó pode ser uma ótima pedida para chamar a boa noite de sono.
- Apóie o pé direito sobre o joelho da perna esquerda e deixe a sola virada para você;
- Espalhe nos pés o óleo ou creme de sua preferência;
- Usando os polegares, massageie a sola do pé, pressionando-a com movimentos circulares. Comece atrás dos dedos e siga em direção ao calcanhar;
Quando terminar de massagear a sola, massageie também todo o peito do pé.
- Em seguida, puxe lentamente os dedos, torcendo suas laterais e mexendo para trás e para frente.
Os movimentos ideias para combater...
- Cansaço - Massageie a sola na região central dos pés
- Estresse - O ideal é massagear os pés por inteiro, já que o estresse não é uma doença e sim um conjunto de sintomas.
- Insônia - Faça massagem em toda a lateral externa dos pés, desde o calcanhar até o quinto dedo. Isso ajudará a se desligar dos pensamentos que não deixam dormir.
- Ansiedade e TPM - Massageie a sola na região central dos pés até chegar aos dedos.
(Com informações tiradas daqui)
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Consciência
Para inspirar o final de semana, uma bela reflexão de Jung, traduzida do livro Arquétipos e Inconsciente Coletivo. Que tal desenvolver um novo tipo de olhar sobre a realidade? É ao que ele nos convida. :)
Aproveitem!
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"Mas por quê, você poderia perguntar, seria necessário para o homem na Terra, de uma forma ou de outra, adquirir um nível superior de consciência?
Essa é realmente a questão crucial, e eu não acho que a resposta seja fácil.
Ao invés de uma resposta concreta eu posso apenas fazer uma confissão de fé.
Acredito que alguém, depois de milhões de anos, tinha que perceber que esse mundo maravilhoso de montanhas e oceanos, sóis e luas, galáxias e nebulosas, plantas e animais, existe. Certa vez, num monte nas planícies do Leste da África, observei vastas manadas de animais selvagens pastando em silenciosa imobilidade, tal como haviam feito desde tempos imemoriais, tocados apenas pelo sopro de um mundo primitivo.
Eu me senti então como se fosse o primeiro homem, a primeira criatura, a saber, que tudo isso, é. O mundo inteiro à minha volta estava ainda em seu estado primitivo; ele não sabia que ele era.
E então, naquele exato momento em que me dei conta, o mundo passou a ser.
Toda a Natureza busca esse objetivo e o encontra realizado no homem, mas apenas naquele homem mais altamente desenvolvido e mais plenamente consciente.
Todo avanço, mesmo o menor deles, ao longo desse caminho de realização consciente, acrescenta algo ao mundo."
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(Jung)
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Dias de trovão
http://www.apocalipsemotorizado.net/
Bom para ler e pensar - principalmente em alternativas para as quatro rodas (individuais ou coletivas) que nos sustentam todos os dias.
PS - Em breve neste blog, algumas dicas de como se sentir mais confortável no ambiente de trabalho, "muscularmente" falando. Postarei quando o trabalho em si afrouxar um cadinho mais. rs
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Caminhos (duvidosos) para a iluminação
PS - Crianças, não tentem fazer isso em casa!
PS 2 - Agora descobri o segredo daquelas posições que a gente não consegue fazer de jeito maneira. :))
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Elas mexem o caldeirão
O termo "bruxa", por si só, já mereceria um texto inteiro de reflexão e discussão histórica, etimológica, filosófica e outros quetais. Mas, como este blog é voltado para temas mais ou menos específicos, trago hoje um artigo especialíssimo da amiga Pietra, expert no assunto, que nos brinda com conhecimento em diversos encontros e bate-papos internéticos ou não. Aqui, ela fala das Pharmakeia, responsáveis desde tempos imemoriais pela manipulação de substâncias naturais para curar e mudar a vida de suas comunidades. Mais sobre o assunto pode ser conferido no blog de onde este texto foi retirado. Aproveitem!
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Pharmakeia, Deusa Bruxa
a
Pharmakeia, do grego, a que conhece ervas. Também palavra para bruxa ou feiticeira. Sim, desde a Grécia antiga, aquela que conhece ervas, seus segredos, remédios, venenos e transformações são as chamadas "bruxas". As mulheres sábias, as que tem um olhar mais apurado para o local que habitam, que vivem-junto.
Algumas deidades têm esse nome, pharmakeia. E, geralmente, quando pensamos nisso imediatamente, vamos para Diana, a Reina del'e streghe ou mesmo, Hekat, a Trívia. Seus atributos de senhoras da magia, de trazedoras das mudanças, de conhecedoras dos caminhos e do mundo selvagem, além de uma ampla iconografia e associações com a Lua, fazem com que Diana e a Trívia sejam "top of mind" quando pensamos nas pharmakeia.
Mas outras Deusas são assim... Circe é uma. A Deusa dos Cachos Claros. Filha de Hélios e Perseis. Circe se faz muito presente na vida de Odisseus, que chega à ilha de Circe e tem sua tripulação transformada em porcos; transformação que não se dá por um passe de mágicka, mas sim, por drogas, por poções. Circe, a que ajuda Medea a se casar com Jasão e é visitada na Itália. Na Velha Bota ainda, Circe é conhecida como mãe do deus Faunus, por Poseidon.
Outra é a irmã de Circe, Pasifae. A que Brilha em Tudo. A esposa do rei Minos, mãe do minotauro, Asterion. Pasifae também mãe de Ariadne, a senhora do labirinto, e de Fedra. Pasifae, conhecedora das ervas, chegou a amaldiçoar Minos por suas amantes fora do casamento, fazendo que ele ejaculasse escorpiões quando se deitasse com outra que não ela.
O que eu acho muito interessante nessa coisa toda é que Pasifae é a lua cretense... Circe é uma senhora de uma ilha que trabalha com ervas e drogas e se coloca na posição de conselheira ou de interventora.
Sim, as pharmakeia são como as streghe. Talvez sejamos nós como representações físicas dessas Senhoras Antigas, das Senhoras da Sabedoria da Natureza.
a
(Pietra Di Chiaro Luna)