segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Comunidade alemã decide ter uma vida sem automóveis e vira referência

Elisabeth Rosenthal
Em Vauban (Alemanha)

Os moradores desta comunidade afluente são pioneiros suburbanos. Eles superaram a maioria das mães que levam os filhos para jogar futebol ou executivos que fazem todos os dias o trajeto dos subúrbios até o centro da cidade: essas pessoas abriram mão dos seus carros.

Estacionamentos de rua, driveways (pequena estrada que vai geralmente da entrada da garagem até a rua) e garagens são, em geral, proibidas neste novo distrito experimental na periferia de Freiburg, perto da fronteira com a Suíça.

Nas ruas de Vauban os carros estão totalmente ausentes - com exceção da rua principal, por onde passa o bonde para o centro de Freiburg, e de umas poucas ruas na zona limítrofe da comunidade. A propriedade de automóveis é permitida, mas só há dois locais para estacionamento - grandes garagens localizadas no limite da comunidade, onde os proprietários compram uma vaga, por US$ 40 mil, juntamente com uma casa.

Como resultado, 70% das famílias de Vauban não têm automóveis, e 57% venderam o carro para se mudarem para cá.

"Quando eu tinha carro, estava sempre tensa. Desta forma sou muito mais feliz", afirma Heidrun Walter, profissional de mídia e mãe de dois filhos, enquanto caminha pelas ruas cercadas de verde, onde o ruído das bicicletas e a conversa das crianças que passeiam abafam o barulho ocasional de um motor distante.

Vauban, que foi concluída em 2006, é um exemplo de uma tendência crescente na Europa, nos Estados Unidos e em outros locais. Trata-se da separação entre a vida suburbana e a utilização de automóveis, como parte integrante de um movimento chamado de "planejamento inteligente".

Os automóveis são um fator de coesão dos subúrbios, onde as famílias de classe média de Chicago a Xangai costumam construir as suas residências. E, isso, segundo os especialistas, consiste em um grande obstáculo para os atuais esforços no sentido de reduzir drasticamente as emissões de gases causadores do efeito estufa que saem pelos canos de descarga, com o objetivo de reduzir o aquecimento global. Os carros de passageiros são responsáveis por 12% das emissões de gases causadores do efeito estufa na Europa - uma proporção que só está aumentando, segundo a Agência Ambiental Europeia -, e por até 50% em algumas áreas dos Estados Unidos.

Embora nas duas últimas décadas tenha havido tentativas de tornar as cidades mais densas e mais propícias para as caminhadas, os planejadores urbanos estão levando agora esse conceito para os subúrbios e concentrando-se especificamente em benefícios ambientais como a redução de emissões. Vauban, que tem 5,500 habitantes e uma área aproximada de 2,6 quilômetros quadrados, pode ser a experiência mais avançada em vida suburbana com baixa utilização de automóveis. Mas os seus preceitos básicos estão sendo adotados em todo o mundo em tentativas de tornar os subúrbios mais compactos e mais acessíveis ao transporte público, com menos espaço para estacionamento. Segundo essa nova abordagem, os estabelecimentos comerciais situam-se ao longo de calçadões, ou em uma rua principal, e não em shopping centers à beira de uma auto-estrada distante.

"Todo o nosso desenvolvimento desde a Segunda Guerra Mundial esteve concentrado no automóvel, e isso terá que mudar", afirma David Goldberg, funcionário da Transportation for America, uma coalizão de centenas de grupos nos Estados Unidos - incluindo instituições ambientais, prefeituras e a Associação Americana de Aposentados - que estão promovendo novas comunidades que sejam menos dependentes dos carros. Goldberg acrescenta: "A quantidade de tempo que se passa ao volante de um carro é tão importante quanto possuir um automóvel híbrido".

Levittown e Scarsdale, subúrbios de Nova York com casas de áreas enormes e garagens privadas, eram os bairros dos sonhos na década de 1950, e ainda atraem muita gente. Mas alguns novos subúrbios podem muito bem lembrar mais Vauban, não só nos países desenvolvidos, mas também no mundo subdesenvolvido, onde as emissões da frota cada vez maior de carros particulares da crescente classe média estão sufocando as cidades.

Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental está promovendo as "comunidades com número reduzido de carros", e os legisladores estão começando a agir, apesar de que com cautela. Muitos especialistas acreditam que o transporte público que atende aos subúrbios desempenhará um papel bem maior em uma nova lei federal de transporte aprovada neste ano, afirma Goldberg. Nas legislações anteriores, 80% das apropriações destinavam-se, por lei, a auto-estradas, e apenas 20% a outras formas de transporte.

Na Califórnia, a Associação de Planejamento da Área de Hayward está desenvolvendo uma comunidade semelhante a Vauban chamada Quarry Village, nos arredores de Oakland. Os seus moradores podem ter acesso sem carro ao sistema de trânsito rápido da Área da Baía e ao campus da Universidade Estadual da Califórnia em Hayward.

Sherman Lewis, professor emérito da universidade e líder da associação, diz que "mal pode esperar para mudar-se" para a comunidade, e espera que Quarry Village possibilite que ele venda um dos dois automóveis da família e, quem sabe, até mesmo os dois. Mas o atual sistema ainda conspira contra o projeto, diz ele, observando que os bancos imobiliários temem uma queda do valor de revenda de casas de meio milhão de dólar que não têm lugar para carros. Além disso, a maior parte das leis de zoneamento urbano dos Estados Unidos ainda exige duas vagas para automóveis por unidade residencial. Quarry Village obteve uma isenção dessa exigência junto às autoridades de Hayward.

Além disso, geralmente não é fácil convencer as pessoas a não terem carros. "Nos Estados Unidos as pessoas são incrivelmente desconfiadas em relação a qualquer ideia de não possuir carros, ou mesmo de ter menos veículos", diz David Ceaser, co-fundador da CarFree City USA, que afirma que nenhum projeto suburbano do tamanho de Vauban banindo os automóveis teve sucesso nos Estados Unidos.

Na Europa, alguns governos estão pensando em escala nacional. Em 2000, o Reino Unido deu início a uma iniciativa ampla no sentido de reformar o planejamento urbano, desencorajando o uso de carros ao exigir que os novos projetos habitacionais fossem acessíveis por transporte público.

"Os módulos urbanos relativos a empregos, compras, lazer e serviços não devem ser projetados e localizados sob a premissa de que o automóvel representará a única forma realista de acesso para a grande maioria das pessoas", afirma o PPG 13, o documento revolucionário de planejamento, lançado pelo governo britânico em 2001. Dezenas de shopping centers, restaurantes de fast-food e complexos residenciais tiveram a licença recusada com base na nova regulamentação britânica.

Na Alemanha, um país que é a pátria da Mercedes-Benz e da Autobahn, a vida em um local onde a presença do automóvel é reduzida, como Vauban, tem o seu próprio clima diferente. A área é longa e relativamente estreita, de forma que o bonde que segue para Freiburg fica a uma distância relativamente curta a pé a partir de todas as casas. Ao contrário do que ocorre em um subúrbio típico, aqui as lojas, restaurantes, bancos e escolas estão mais espalhadas entre as casas. A maioria dos moradores, como Walter, possui carrinhos que são rebocados pelas bicicletas para fazer compras ou levar as crianças para brincar com os amigos.

Para deslocamentos a lojas como a Ikea ou às colinas de esquiação, as famílias compram carros juntas ou usam automóveis arrendados comunitariamente pelo clube de compartilhamento de automóveis de Vauban.

Walter já morou - com carro privado - em Freiburg e nos Estados Unidos. "Se você tiver um carro, a tendência é usá-lo", diz ela. "Algumas pessoas mudam-se para cá, mas vão embora logo - elas sentem saudade do carro estacionado em frente à porta".

Vauban, local em que se situava uma base do exército nazista, ficou ocupada pelo exército francês do final da Segunda Guerra Mundial até a reunificação da Alemanha, duas décadas atrás. Como foi projetada para ser uma base militar, a sua planta nunca previu o uso de carros privados: as "ruas" eram passagens estreitas entre as instalações militares.

Os prédios originais foram demolidos há muito tempo. As elegantes casas enfileiradas que os substituíram são construções de quatro ou cinco andares, projetados de forma a reduzir a perda de calor e maximizar a eficiência energética. Elas possuem madeiras exóticas e varandas elaboradas; casas isoladas das outras são proibidas.

Por temperamento, as pessoas que compram casas em Vauban tendem as ser "porquinhos da índia verdes" - de fato, mais da metade dos moradores vota no Partido Verde alemão. Mesmo assim, muitos afirmam que o que os faz morar aqui é a qualidade de vida.

Henk Schulz, um cientista que em uma tarde do mês passado observava os três filhos pequenos caminhando por Vauban, lembra-se com entusiasmo da primeira vez que comprou um carro. Agora, ele diz que está feliz por criar os filhos longe dos automóveis; ele não tem que se preocupar muito com a segurança deles nas ruas.

Nos últimos anos, Vauban tonou-se um nicho comunitário bem conhecido, apesar de não ter gerado muitas imitações na Alemanha. Mas não se sabe se este conceito funcionará na Califórnia.

Mais de cem candidatos se inscreveram para comprar uma casa na Quarry Village, e Lewis ainda está procurando um investimento de US$ 2 milhões para dar início ao projeto. Mas, caso a ideia não dê certo, a sua proposta alternativa é construir no mesmo local um condomínio no qual o uso do automóvel seja totalmente liberado. Ele se chamaria Village d'Italia.

Tradução: UOL

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Desvios e dilemas da sem-budista urbana

Chá de camomila. Chocolate.
Banho quente. Chopp gelado.
Palavrão. Mantra Ohm.
Massagem. Spray de cânfora.
Meditação. Dormir até mais tarde.
Óleo de hortelã. Café.
Escapar. Alongar.
Ataque de nervos. Relax. :)

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Eu não tô fazendo nada, você também...

Imagem: Craig Hauger/Stock.xchng

Recentemente, tive um pequeno problema no computador de casa. Uma queda de energia à toa, que nem chegou a apagar as luzes totalmente, fez com que meu PC "desmaiasse" para não mais retornar, não importando os esforços desta workaholic desesperada. Seguiram-se duas semanas sem máquina em casa e, por consequência, sem a chance de fazer trabalhos extras à noite e sem acesso à internet depois do expediente.
Os primeiros dias foram um tanto caóticos: correria pra fazer tudo no trabalho, inclusive resolver problemas pessoais que tivessem a ver com o computador, ou então idas a cybercafés no horário da janta para resolver pendências ficadas para trás. Amigos solidários chegaram a oferecer notebooks para suprir a ausência do ente querido, digo, do computador pessoal, enquanto o mesmo estivesse na "enfermaria". E uma quase adicta tendo que se adaptar à nova realidade, com os dramas de ficar incomunicável durante um período indeterminado de tempo.

Porém, passados os ajustes iniciais, uma alteração em minha rotina começou a se estabelecer. A primeira coisa foi a definição de prioridades - não dava para ficar pagando cybers todos os dias pra responder a emails não-urgentes. Depois, a incrível percepção de que havia mais tempo para fazer coisas extra-tela. Comecei a fazer compras de supermercado menos corridas, pensando em refeições que agora eu teria mais tempo para preparar. Retomei a leitura de alguns livros. Dei-me o prazer, perdido há tempos, de me esticar no sofá, ligar a televisão e fazer o scandisc mental por uma hora que fosse, menos preocupada com a lista de coisas a fazer do que com o simples prazer de estar ali, curtindo a minha própria casa - um lugar que, na correria do dia a dia, acaba virando mais um QG para comer-dormir-trabalhar do que um lar de fato.

Apesar dos pequenos exageros, não me considero uma viciada em computador ou internet, tampouco uma louca por trabalho. Mas, até pela facilidade que nos oferecem as ferramentas tecnológicas de hoje, achamos que temos a capacidade de assumir um número cada vez maior de pequenas-tarefas-resolvidas-em-cinco-minutos que, no final das contas, acabam nos ocupando todos os dias até tarde da noite, sem que tenhamos tempo de fazer simplesmente mais nada.

E foi pensando nesse "nada", que às vezes é tudo que nos falta para reequilibrar o ânimo, que me lembrei de um movimento internacional dedicado exatamente a essa prática: de fazer nada. Apesar de exótica à primeira vista (as coisas simples e fundamentais, hoje em dia, chegam a parecer exóticas...), penso que lembra muito a prática de alguns tipos de meditação, em que você simplesmente deixa sua mente fluir, sem se focar em nenhum pensamento, antes de iniciar o processo de "esvaziamento" para outros níveis mais avançados de concentração. No fundo, todos tratam de princípio semelhante: passar um tempo consigo mesmo em busca do equilíbrio para, mais tarde, continuar a desempenhar as tarefas e responder às pressões do cotidiano.

Não é apenas se sentando ou se deitando imóvel que se consegue esse estado meditativo. Atividades cotidianas que exijam certo grau de abstração, como tomar banho, caminhar e até lavar louça, podem ser palco para atingir esse estado e cultivá-lo. Para consegui-lo, vale a pena prestar atenção na própria respiração e focar o pensamento, por exemplo, nas sensações que o ambiente provoca - sons, a textura do solo, a água sobre a pele, o vento ou ausência dele, a temperatura do lugar. São exercícios simples que, transformados em rotina, podem ajudar muito a relaxar a mente e aumentar a capacidade de concentração para o trabalho e até mesmo para o descanso e o sono (trazendo ganhos comprovados para a saúde).

Para complementar, 5 ou 10 minutos por dia podem ser preciosos para aquela atividade que se adora fazer, mas não encontra oportunidade há meses: ouvir música, ler um livro, ligar para um amigo, caminhar por algum lugar de que goste, brincar mais com o filho, sobrinho, levar o cachorro pra passear.
A gente costuma encontrar tempo para trabalhos extras e até para grandes e elaboradas diversões, mas não para as "mini-férias" que podem nos revigorar no dia-a-dia. Não vale a pena esperar o computador (ou o cérebro) pifar para abrir uma brecha para si mesmo uma ou duas vezes por semana. :)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sacolinha, pra que te quero?

Há alguns meses, estava eu fazendo compras em um supermercado da cidade de São Paulo, quando, ao passar pelo caixa, a atendente me fez a seguinte pergunta:

- Você tem sacola ecológica para levar as compras?

Orgulhosa, respondi "Tenho!" e já saquei minha sacola verde de tecido, dobrada cuidadosamente dentro da bolsa, presente muito útil da amiga . Ao ver meu gesto, a moça olhou fixamente para mim e disse, com expressão séria:

- Você pensa nas tartarugas.

Fiquei olhando para ela, um tanto incrédula com a frase, e ela continuou:

- Sim, porque ninguém pensa nas tartarugas, sabe. Quando eu pergunto para as pessoas se elas têm sacolas retornáveis, elas ficam bravas, dizem que não é prático carregar uma sacola dentro da bolsa. Mas olha só a sua, é muito fashion. Até parece uma tartaruga!

Tento segurar o riso e concordar, enquanto continuo ouvindo o que ela diz, agora em tom de confissão:

- Mas eles não perdem por esperar. Daqui a pouco, vai ser proibido em todo lugar usar sacolas plásticas. Aí todo mundo vai ter que pensar nas tartarugas.

Saí do supermercado rindo sozinha, é claro, e com uma boa história para contar aos amigos. Mas, piadas à parte, o diálogo com a moça, apesar do tom de absurdo, não deixa de mostrar o ligeiro progresso do tema dentro das compras nossas de cada dia. Quando decidi adotar o uso das sacolas ecológicas - uma prática que também requereu esforço pessoal e revisão de hábitos cotidianos, geralmente os mais difíceis de modificar - me lembro do olhar de espanto dos caixas e empacotadores dos supermercados, diante da minha mão estendida pedindo para pararem a operação já começada, automaticamente, de colocar minhas compras em milhares de saquinhos plásticos. Era um exercício de disciplina e até de desinibição da minha parte, estendendo uma enorme sacola de pano para fazer, por minha conta, o serviço deles e de suas mãos rápidas, geralmente diante de uma fila de pessoas esperando minha performance para poder também usar aquele espaço do balcão.

Agora, já é mais comum ver algumas grandes redes de supermercados fazendo campanha pelas sacolas retornáveis - enquanto colocam à venda também suas próprias sacolas de pano. E, em junho último, o Ministério do Meio Ambiente lançou uma campanha para redução do uso de sacolas plásticas pelo consumidor (um primeiro passo no sentido de concretizar a profecia da minha amiga caixa sobre a proibição total, talvez?).

Mas, para muita gente, é difícil abolir o uso total das sacolinhas, não só pela comodidade, mas porque elas têm uma utilidade muito prática dentro de seus lares. Substituir os sacos de lixo, por exemplo. Esse é mais um desafio para a campanha do governo: mudar o comportamento de quem não tem o hábito, ou mesmo renda suficiente, para comprar sacos de lixo. Embora representem um custo a mais, os sacos de lixo oxi-biodegradáveis, que desaparecem da natureza num prazo máximo de 18 meses, oferecem grande vantagem ambiental se comparados aos de supermercado, feitos de polietileno, que demoram cerca de 400 anos para se decompor.

Apesar do aparente "trabalho a mais", abolir os saquinhos é uma medida fundamental para diminuir a imensa bolha plástica que bóia atualmente nos oceanos, alimentada pelo uso atual de 20 vezes mais sacolas plásticas em relação a 50 anos atrás. Uma rápida busca no Google mostra facilmente que não apenas as tartarugas sofrem com esse lixo todo - que entope bueiros, vai parar no estômago dos bichos que morrem asfixiados ou feridos e ajuda a agravar o aquecimento global. Atualmente, chegamos ao estonteante número de mais de 1 milhão de sacos plásticos usados por minuto - quase 1,5 bilhão por dia e mais de 500 bilhões por ano. No Brasil, são usados cerca de 33 milhões por dia ou 12 bilhões por ano, totalizando um consumo familiar médio de 40 quilos de plásticos por ano, ou 66 sacos plásticos mensais por pessoa (de acordo com dados da Funverde).

Dessa montanha de plástico mundial, não chega a 5% o total incinerado ou reciclado. Os mais de 95% restantes estão por aí causando um estrago danado. Nesse sentido, vem em boa hora a campanha pelo uso das antigas sacolas de pano, já usadas de forma muito prática pelas nossas avós em suas idas ao mercado da esquina. Além do lado romântico da coisa, mostra que elas, já naquela época, pensavam nas tartarugas.

Last but not least... para terminar de salvar o mundo, devemos também torcer para que o projeto deste menino entre logo em escala comercial. Isso sim é dar uma mãozona para o planeta. :)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Castor e Pólux

Imagem: Dez Pain/Stock.xchng
Na mitologia antiga, Castor e Pólux eram dois irmãos filhos de Leda, esposa do rei de Esparta. Castor era filho de Tíndaro, marido de Leda, enquanto Pólux havia sido fruto da união de Leda com Zeus - que, encantado com a moça recém-casada, havia se transformado em cisne para ter a chance de se aproximar dela e gerar-lhe um filho. Junto com Castor e Pólux, nasceram também Helena (aquela famosa, pela qual lutariam dois exércitos no futuro) e Clitemnestra, que se tornaria também rainha.

Como filho de Zeus, Pólux era imortal, ao contrário de seu irmão Castor, filho de rei e rainha mortais. Ainda assim, ambos ficaram conhecidos como Dióscuros, ou "filhos de Zeus", devido à sua imensa união fraternal e às grandes habilidades que possuíam - Pólux como lutador, Castor como adestrador de cavalos. De personalidade bem diferente, porém complementar, participariam juntos de algumas das mais importantes aventuras da mitologia - como a Guerra de Tróia, a expulsão de piratas da região do Peloponeso e a recuperação do velocino de ouro.

Foi nessa expedição que a história mudaria. Em um combate com os também gêmeos Idas e Linceu, de quem haviam raptado as noivas, Castor foi vitimado por Idas com um golpe de lança.

Ao ver o irmão morto a seus pés, Pólux se desesperou. Sendo imortal, não podia acompanhar Castor ao reino de Hades, deus do submundo, para onde iam as almas dos mortais. Procurou então o pai, Zeus, oferecendo sua imortalidade em troca da vida do irmão.
.
Embora tocado pelo sentimento de união dos dois, Zeus não podia tirar Castor do mundo dos mortos, cujo governo era de absoluta soberania de Hades. Propôs, porém, uma troca: Pólux deveria dividir sua imortalidade com Castor, alternando com ele um dia no Olimpo e um dia no submundo. Assim, eles se encontrariam diariamente no meio do caminho.
.
Prontamente Pólux aceitou o acordo. Os dois irmãos, então, passaram a viver e a morrer alternadamente, se revezando entre os dois planos. Para celebrar a união entre eles, Zeus os transformou mais tarde na constelação de Gêmeos, de onde não poderiam ser separados nem pela morte.

Pessoalmente, acho esse mito de uma força impressionante - tanto pela mensagem de união que traz, como pela prova de que há partes de nós que são indivisíveis. Assim como no mito dos gêmeos, dentro de cada um de nós vive uma "contra-parte" que, muitas vezes por meio de desejos ou pensamentos que não compreendemos, ou que são até conflitantes com o que mostramos ao "mundo exterior", também é porção imprescindível e preciosa daquilo que somos. Compreendê-la e caminhar ao lado dela, fazendo com que atue a nosso favor, é um dos grandes desafios desse estágio humano em que estamos.

Da mesma forma, há certas relações que, mais do que convivência ou apoio, são verdadeiros balizadores daquilo que somos ou do que poderemos vir a ser. Através delas, potencializamos nosso melhor e adquirmos auto-crítica para evoluir naquilo que precisamos. E nos tornamos espelho para a evolução de quem nos proporciona esse crescimento também.

Há movimentos que podemos e devemos realizar sozinhos, mas há caminhos que só é possível percorrer tendo mãos ao lado, tendo esteios que nos apóiem para os próximos passos. Dessa forma, misturamos laços e nos tornamos um pouco como Castor e Pólux, como yin e yang, como luz e penumbra - vivendo em um mundo e conhecendo intimamente o mundo do outro, caminhando separadamente mas levando um pingo do outro em nosso próprio ser. Esse é o grande e divino mistério da convivência e compreensão, outro supremo desafio do ser humano - e uma das maiores e mais importantes fontes de evolução também.

Que possamos, dentro de nós mesmos e ao lado dos que amamos, levar com mãos conjuntas o céu e a terra que existem dentro de nós, estabelecendo a ponte pelo amor. E que, como disse o amigo Fernando, possamos, pelo amor, unir o céu à terra e a terra ao céu.

Este texto é uma homenagem a Natália, estrela da terra, e Júlia, estrela do céu, que vieram para nos ensinar, em poucos dias, o conhecimento de uma vida inteira.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Atchim!

Imagem: Sophie/Stock.xchng
Todo inverno é a mesma coisa. A sinfonia de tosses, pigarros e os "não vou chegar perto, estou gripada" na hora de cumprimentar alguém. Esse 2009 trouxe a ingrata novidade da gripe suína para apavorar os ânimos e incluir as máscaras cirúrgicas na moda dos vagões do metrô e das ruas da cidade. Mas, antes mesmo da "novidade", a gripe já é incômodo bem conhecido de nossos dias e entardeceres (aquela horinha boa em que parece que tudo "tranca" nos narizes e gargantas). De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, as doenças respiratórias são responsáveis, por exemplo, por vitimar três vezes mais pessoas que os acidentes de trânsito em todo o mundo. No Brasil, nossa gripezinha comum causou mais de 27 mil internações na rede pública e mais de 700 vítimas fatais - além de um gasto de R$ 18 milhões em tratamentos dos doentes no ano passado. Aqui em São Paulo, já tem gente substituindo o tradicional beijinho no rosto pelo "Namastê" na hora de cumprimentar os outros (é sério).

E quando ela te pega, apesar das precauções, criativas ou não? A sabedoria popular diz que uma gripe bem tratada dura 7 dias; sem tratamento, uma semana. Pode até ser que não se consiga diminuir o tempo de duração, mas há medidas que se pode tomar para tornar o período menos pesado para quem a tem como companheira.

Tá frio, tá quente

A excelente Sonia Hirsch, em seu livro "Atchiiim!", nos dá uma dica interessante: para domar uma gripe, a primeira coisa a fazer é saber se ela é fria ou quente. Uma gripe "fria" faz a pessoa sentir... frio. A gripe "quente", por sua vez, provoca calores, sensação de secura e vem acompanhada de catarro grosso. O tratamento vai pelos opostos: gripe fria, comida quente - que ajudará a aquecer o organismo. É melhor dar preferência às sopinhas e alimentos cozidos do que a vegetais e frutas crus. Na gripe quente, deve-se abusar da água fresca e evitar comer assados ou fritos, preferindo caldos e canja.

Dicas eficazes em ambos os casos: chás de ervas e especiarias quentes; maçã, para "limpar" a garganta; mel, que ajuda a dissolver catarro; e dormir bem!

E a suína?

O grande problema é que ela se parece com uma gripe comum. A diferença, talvez, seja uma febre mais intensa - acima de 39 graus - dores musculares e dores nos pulmões. Esses sintomas, porém, variam de pessoa para pessoa, por isso é importante prestar atenção ao próprio corpo e saber o que seria, para ele, um comportamento fora dos padrões. Os sintomas "clássicos", como coriza e tosse, podem ser até mais leves do que os do resfriado comum. Porém, a evolução da doença é rápida e pode causar complicações sérias se não for rapidamente combatida.

Em todos os casos, vale o conselho: quem está doente deve procurar um médico. As medidas caseiras e tratamentos alternativos, como em qualquer doença, servem para trazer bem-estar, para ajudar a evitar que o quadro se torne mais agudo ou para prevenção quando a pessoa está saudável. Mas ao sinal de complicações, a parada obrigatória é no consultório ou no pronto-socorro.

domingo, 16 de agosto de 2009

O que é Tarot?

Imagem: Morrhigan/Stock.xchng

Eu tinha decidido esperar um pouco antes de abordar esse assunto por aqui. Isso porque o blog é novo, muitos visitantes (ou a maioria) não me conhece pessoalmente e, talvez em igual número, muitos não tenham familiaridade com o tema. Então, antes de chamar gente de responsa para falar sobre o assunto (já tenho uma pretensa lista de convidados... hehe), tinha preferido abordar temas mais, digamos, "físicos" nesse início de trabalho. O que é palpável, normalmente, é mais fácil de entender, provar e experimentar. E, além de grandemente importante, menos sujeito a controvérsias quando se começa a conversar com alguém. :)

Mas o convite/desafio da amiga Cláudia, no excelente (e parada obrigatória) Via Tarot, me fez inverter a ordem, para também participar da reflexão que ela lançou a partir da dúvida de uma visitante (exatamente a pergunta que dá nome a este post). Achei que a resposta seria grande demais para um comentário por lá, então decidi usar este espaço aqui para também expor algumas idéias a respeito. Afinal, o conceito de bem-estar engloba tudo - corporal, mental e espiritual, e há quem diga (e prove) que esses dois últimos são os principais responsáveis pelo que acontece com o primeiro.

Estudo Tarot há aproximadamente quatro anos, como autodidata. Antes disso, tive contato com essa prática por meio de amigas e amigos queridos. E, até alguns anos antes desse período, tinha inclusive um pouco de pé atrás com as chamadas ciências oraculares - pelo menos as que envolviam de forma tão ostensiva o "acaso", o simples tirar desta ou daquela carta. Parecia-me algo pouco... científico, digamos assim. Diferente, por exemplo, da astrologia, que, para quem a estuda, já oferece um sistema mais lógico e organizado de leitura e interpretação de informações.

No entanto, ao longo do tempo, fui percebendo que existem diversos meios de se trabalhar o lado intuitivo e sensitivo que todos trazemos conosco. Esse é, a meu ver, o grande mérito do Tarot e dos jogos de cartas em geral: trabalhar nosso lado intuitivo, não racional, aquele que não depende de números ou esquemas. Ao soltar as amarras lógicas, abre-se espaço para que o que está oculto na mente apareça.

A origem do Tarot, como de qualquer prática muito antiga, é controversa. Acredita-se que tenha surgido, com a formação atual, na época da Renascença (entre 1400 e 1600), porém há quem situe seu aparecimento durante a Idade Média, com raízes em jogos de cartas já praticados séculos antes por egípcios, chineses, indus e hebraicos. A partir do século XVI, o Tarot de Marselha, base para a maioria dos outros, se estabeleceria com a formatação que conhecemos hoje - 78 cartas, sendo 22 arcanos maiores e 56 arcanos menores (estes correspondendes às cartas de um baralho comum).

Os arcanos (cuja vocáculo significa "mistério"), em especial os maiores, correspondem a arquétipos da nossa própria psiquê, e também àquilo que está acima dela, que pode ser explicado de forma histórica e psicológica como parte do inconsciente coletivo (um dos maiores estudiosos dos conceitos de arquétipo e inconsciente coletivo, inclusive relacionados ao Tarot, foi o "pai" da psicologia analícia, Jung). Dessa forma, dialogando com o resultado de um jogo, consegue-se obter um rico panorama a respeito de sua própria mente e capacidade da fazer associações e reflexões.

Portanto, o Tarot - ao menos para mim - está muito menos ligado a um sistema fechado de "adivinhação", e muito mais à interpretação que se faz de cada informação recebida. Em outras palavras, o que importa na busca de respostas é menos a mensagem em si e mais o receptor - no caso, nosso próprio inconsciente. O Tarot, nesse caso, não seria uma seita, religião, jogo de adivinhação, vaticínio ou substituto da bola de cristal. Seria, entre outras coisas, um canal de abertura para o nosso mundo mental e emocional, por meio de símbolos que nos fazem refletir ou "descobrir" algo que trazemos já no pensamento ou no sentimento, mas sobre o que não havíamos nos detido até então.

Na prática, eu diria que o resultado é fazer pensar e estimular o diálogo interno ou externo. Existe uma máxima que diz que "o Tarô é um bom criado, mas é um mau patrão"; e acredito firmemente nisso. Todo método de autoconhecimento deve trabalhar a nosso favor, deve nos abrir portas para que possamos fortalecer nossa autonomia e livre-arbítrio, e não o contrário. Por isso, desconfio um pouco de interpretações fatalistas ou muito fechadas sobre qualquer assunto, enquanto dou votos de confiança a quem realiza trabalhos de interpretação que favoreçam o diálogo (já vivi conversas incríveis com semi-desconhecidos a partir de um jogo de cartas!), instiguem o pensamento e abram novos caminhos mentais àqueles que já conhecíamos.

Gosto de extender esse pensamento a todo tipo de prática mental ou espiritual, seja ela religiosa, esotérica, psicanalítica, filosófica ou oracular. A história das crenças é, antes de tudo, a história do próprio homem. Olhando para dentro, fica bem mais fácil entender o que se passa fora também. E, no caso do Tarot, talvez esteja provada ainda a via inversa dessa mesma estrada. Nesse caso, o tal "acaso" (embora a cada dia que passe eu acredite menos nessa palavra... rs) dá até uma ajudinha para que a coisa fique ainda mais interessante... afinal, nem só de contas matemáticas vivemos, e muito menos vive o que vai por dentro da gente. :)

Há muitos bons lugares na net para conhecer mais sobre Tarot, mas indico especialmente dois: o site Clube do Tarot, pela clareza e qualidade, e o próprio Via Tarot, escola viva de aprendizado diário (que já virou roda de amigos também!).

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Belo olhar

Quando você olhar para um corpo
Que não seja tão perfeito
Olhe direito
Pois cada olhar
contém o seu defeito.

(Fernando Catatau)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Você pode comer? Então, passe na pele

Imagem: IzaS/Stock.xchng
Não, o título desse post não é uma alusão a "9 e 1/2 semanas de amor". :)

Nos meus estudos e xeretices sobre tratamentos alternativos, a professora Raquel surgiu com um conceito interessante, tirado da medicina ayurveda: "nunca passe na pele algo que você não possa comer". A idéia justifica o fato de a massagem ayruvédica, por exemplo, ser feita somente com óleos vegetais (que podem ser usados também na cozinha) e, no máximo, óleos essenciais com procedência mais do que certificada (mas esses convém não ingerir, please, sob pena de entrarmos em um tema pra lá de controverso nos campos da aromaterapia).

Mas voltando aos óleos e cremes, tanto a ayurveda como os aromaterapeutas concordam num ponto: óleos de procedência vegetal são infinitamente mais saudáveis e apropriados ao uso humano do que os de origem mineral - que, paradoxalmente, são matéria-prima da maioria dos cremes industrializados destinados a tratamentos de pele, e até de óleos para bebê! Embora um pouco mais difíceis de achar, o ideal é que se use sempre cremes de base vegetal - mais eficazes e amigáveis ao corpo por não obstruir os poros, deixando a pele respirar e facilitando a absorção do princípio ativo do produto. E, de quebra, muito mais gentis com o planeta também.

Lembrei dessa prosa toda ao ler uma matéria bem interessante publicada pela Revista Fator em julho último, comprovando a tese. Confiram alguns trechos... e comecem a reparar nas letras miúdas do creme que está no criado-mudo. :)

11/07/2009

Cosméticos com óleos vegetais: cuidado com a pele e respeito ao meio ambiente

A indústria cosmética acaba de engajar-se em mais uma importante iniciativa que promete excelentes resultados estéticos e cuidados especiais com o meio ambiente: a utilização de óleos vegetais em substituição aos de origem mineral. Juntamente com princípios ativos extraídos de fontes naturais e renováveis, os óleos e manteigas vegetais caracterizam a nova tendência de cosméticos ecologicamente corretos.

De acordo com a diretora de treinamentos da Buona Vita Cosméticos, a técnica em estética Isabel Luiza Piatti, o óleo mineral pode causar danos à pele, como o tamponamento dos poros que desencadeia ações comedogênica e acneica. Também obstrui as glândulas de excreção da pele, favorecendo disfunções da camada ácida do tecido. Derivadas do petróleo, estas substâncias repelem a água e impedem a absorção de outros ativos de base hídrica.

“Em contrapartida, por sua semelhança estrutural ao manto hidro lipídico da pele, os óleos vegetais reagem melhor com o tecido e permitem que tanto a água, como outros princípios ativos existentes nos cosméticos aplicados sejam bem absorvidos”, explica Isabel.

Extraídos principalmente das sementes de plantas e frutas, os óleos vegetais aumentam a proteção da pele contra a perda excessiva de líquidos, permitem a respiração cutânea e assimilam a luz solar. Também auxiliam o restabelecimento de peles rachadas e ressecadas, normalizando e reforçando a estrutura do tecido. Ao contrário dos óleos minerais, os de origem vegetal causam menos reações citotóxicas e alérgicas. Finalmente, possuem outra característica também muito importante: são biodegradáveis, não poluem e nem agridem o meio ambiente.
Para a técnica, os cosméticos à base de óleos vegetais representam grande avanço da indústria estética. “Nosso principal objetivo, agora, é conscientizar o público – tanto clientes finais como também profissionais de estética – sobre a importância de eliminar, definitivamente, o uso de cosméticos com óleos minerais e parafina. O consumidor não apenas pode, mas deve exigir sempre o melhor”.

Óleos vegetais são mesmo biodegradáveis? - A resposta a esta pergunta é sim. Todos os óleos vegetais são biodegradáveis e podem levar até 28 dias para se decompor, sem agredir a natureza, conforme afirma o diretor técnico e industrial da Polytechno Indústrias Químicas, o engenheiro químico Joãosinho Angelo Di Domenico.

Mas então, por que o óleo de cozinha, por exemplo, não pode ser descartado no meio ambiente sem cuidados específicos? Segundo o engenheiro, o problema é o grande volume de óleo lançado diariamente nos ralos e tubulações. Durante o período necessário para o material se biodegradar, outros resíduos acabam se aglutinando ao óleo e prejudicando o meio ambiente. Quando chega aos rios ou mar, o óleo vegetal forma um filme na superfície e prejudica a oxigenação da água, comprometendo sua qualidade e a sobrevivência dos peixes e outros seres.

Os óleos presentes nos cosméticos, por sua vez, são lançados em quantidade muito pequena que não oferece riscos ao meio ambiente. “Quando aplicado na pele, grande parte do óleo é absorvida pelo tecido e processada pelas enzimas”, complementa Di Domenico.

É importante destacar, também, que algumas características distinguem os óleos vegetais entre si, de acordo com sua finalidade. E o engenheiro químico explica: “embora sejam quimicamente iguais, os processos de extração e refino dos óleos destinados aos cosméticos preservam elementos naturais da matéria-prima como vitaminas, fosfolipídios, antioxidantes, antiinflamatórios, entre outros”.

Tais substâncias favorecem a bioatividade da pele, hidratando o tecido, combatendo os radicais livres (causadores do envelhecimento cutâneo), ativando a regeneração celular e formando novas fibras de colágeno.

Para Isabel Luiza Piatti, a relação entre meio ambiente, beleza e bem-estar foi muito bem percebida pela indústria cosmética. “Os cosméticos ecologicamente corretos que respeitam a biodiversidade, com óleos vegetais e ativos orgânicos, representam o comportamento dos consumidores conscientes que, além de valorizar a questão estética, estão atentos às necessidades da natureza”, conclui.

Confira aqui a íntegra da matéria, que também traz a descrição e principais usos de alguns óleos essenciais.

sábado, 8 de agosto de 2009

Domando o cachorro louco

Imagem: Viktors Kozers/Stock.xchng
Ó mar salgado
Quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

O que têm a ver os versos de Fernando Pessoa com agosto? Muito, de acordo com algumas histórias da história que ajudaram a elegê-lo como o mês do cachorro louco. Lá no país-irmão, uma das versões agourentas tem a ver com a era das Grandes Navegações - essa seria a época do ano em que os navios partiam em busca de novas terras. Para as noivas portuguesas, portanto, casar em agosto era mesmo sinal de desgosto, uma vez que os noivos partiam logo e a chance de solidão ou viuvez se multiplicava.

A tradição azarenta do mês, no entanto, é bem anterior. Os romanos, por exemplo, acreditavam que por esses dias um dragão imenso andava pelo céu cuspindo fogo na humanidade. Esse dragão, provavelmente, seria a Constelação de Leão, muito visível nos céus do hemisfério norte nessa época do ano. Acontecimentos históricos em diferentes países do mundo, como a Noite de São Bartolomeu, na França, as duas bombas atômicas sobre o Japão ou o suicídio de Getúlio Vargas, no Brasil, ajudam a formar a fama ruim do mês.

Superstições à parte, porém, nem tudo é terror. Essa é também a época em que, no hemisfério sul, o frio começa a dar uma trégua (pelo menos esse ano foi assim!), os leoninos comemoram seus aniversários e os ventos dão aquela purificada geral no ar (quando eu era criança, esse era o mês preferido para as atividades de soltar pipa na escola). E já está quase na metade... portanto, força na peruca e esperemos setembro chegar, como diz a Canção de Zeca Baleiro.

Dica para suavizar os humores no mês:

Chá de camomila com menta (ou hortelã)
- a camomila tem efeito relaxante, adstringente e ajuda a combater dores causadas por cólicas ou inflamações.
- a menta é excelente para dores de estômago (inclusive as causadas por tensão...), além de limpar as vias aéreas e facilitar a respiração.

Para potencializar o efeito do chá, se você só tiver em sachê, uma boa idéia e cortar os saquinhos e despejar as ervas diretamente na água, logo após a fervura. Aguarde alguns minutos e, depois, é só coar e ficar perto da cama, pois a noite de sono vai ser boa. :)