quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Castor e Pólux

Imagem: Dez Pain/Stock.xchng
Na mitologia antiga, Castor e Pólux eram dois irmãos filhos de Leda, esposa do rei de Esparta. Castor era filho de Tíndaro, marido de Leda, enquanto Pólux havia sido fruto da união de Leda com Zeus - que, encantado com a moça recém-casada, havia se transformado em cisne para ter a chance de se aproximar dela e gerar-lhe um filho. Junto com Castor e Pólux, nasceram também Helena (aquela famosa, pela qual lutariam dois exércitos no futuro) e Clitemnestra, que se tornaria também rainha.

Como filho de Zeus, Pólux era imortal, ao contrário de seu irmão Castor, filho de rei e rainha mortais. Ainda assim, ambos ficaram conhecidos como Dióscuros, ou "filhos de Zeus", devido à sua imensa união fraternal e às grandes habilidades que possuíam - Pólux como lutador, Castor como adestrador de cavalos. De personalidade bem diferente, porém complementar, participariam juntos de algumas das mais importantes aventuras da mitologia - como a Guerra de Tróia, a expulsão de piratas da região do Peloponeso e a recuperação do velocino de ouro.

Foi nessa expedição que a história mudaria. Em um combate com os também gêmeos Idas e Linceu, de quem haviam raptado as noivas, Castor foi vitimado por Idas com um golpe de lança.

Ao ver o irmão morto a seus pés, Pólux se desesperou. Sendo imortal, não podia acompanhar Castor ao reino de Hades, deus do submundo, para onde iam as almas dos mortais. Procurou então o pai, Zeus, oferecendo sua imortalidade em troca da vida do irmão.
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Embora tocado pelo sentimento de união dos dois, Zeus não podia tirar Castor do mundo dos mortos, cujo governo era de absoluta soberania de Hades. Propôs, porém, uma troca: Pólux deveria dividir sua imortalidade com Castor, alternando com ele um dia no Olimpo e um dia no submundo. Assim, eles se encontrariam diariamente no meio do caminho.
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Prontamente Pólux aceitou o acordo. Os dois irmãos, então, passaram a viver e a morrer alternadamente, se revezando entre os dois planos. Para celebrar a união entre eles, Zeus os transformou mais tarde na constelação de Gêmeos, de onde não poderiam ser separados nem pela morte.

Pessoalmente, acho esse mito de uma força impressionante - tanto pela mensagem de união que traz, como pela prova de que há partes de nós que são indivisíveis. Assim como no mito dos gêmeos, dentro de cada um de nós vive uma "contra-parte" que, muitas vezes por meio de desejos ou pensamentos que não compreendemos, ou que são até conflitantes com o que mostramos ao "mundo exterior", também é porção imprescindível e preciosa daquilo que somos. Compreendê-la e caminhar ao lado dela, fazendo com que atue a nosso favor, é um dos grandes desafios desse estágio humano em que estamos.

Da mesma forma, há certas relações que, mais do que convivência ou apoio, são verdadeiros balizadores daquilo que somos ou do que poderemos vir a ser. Através delas, potencializamos nosso melhor e adquirmos auto-crítica para evoluir naquilo que precisamos. E nos tornamos espelho para a evolução de quem nos proporciona esse crescimento também.

Há movimentos que podemos e devemos realizar sozinhos, mas há caminhos que só é possível percorrer tendo mãos ao lado, tendo esteios que nos apóiem para os próximos passos. Dessa forma, misturamos laços e nos tornamos um pouco como Castor e Pólux, como yin e yang, como luz e penumbra - vivendo em um mundo e conhecendo intimamente o mundo do outro, caminhando separadamente mas levando um pingo do outro em nosso próprio ser. Esse é o grande e divino mistério da convivência e compreensão, outro supremo desafio do ser humano - e uma das maiores e mais importantes fontes de evolução também.

Que possamos, dentro de nós mesmos e ao lado dos que amamos, levar com mãos conjuntas o céu e a terra que existem dentro de nós, estabelecendo a ponte pelo amor. E que, como disse o amigo Fernando, possamos, pelo amor, unir o céu à terra e a terra ao céu.

Este texto é uma homenagem a Natália, estrela da terra, e Júlia, estrela do céu, que vieram para nos ensinar, em poucos dias, o conhecimento de uma vida inteira.

Um comentário:

Fridu Nanthjan disse...

Oi!

Fico feliz de ter sido o "muso" inspirador!

E vamos que vamos porque há mais entre o céu e a terra do que podemos imaginar...

Beijos,

No intento,

F.A.